esta semana começámos a almoçar todos os dias na cantina... essencialmente porque descobrimos que a batata encasacada é muito barata... aquilo é apenas uma batata enorme com casca, mas paga-se por cada molho que metes por cima... o que significa que podes encher de molho até acima que não pagas mais por isso... geralmente tem dois molhos vegetarianos e um com carne, pelo que dá para fazer belas combinações... e por último ainda costumamos polvilhar com queijo ralado que acho que devia ser para a sopa...
num dos dias estávamos a almoçar, os três portugueses e o malaio, e vimos o indiano do outro lado da sala a almoçar sozinho... e ficámos naquela "oh que cena triste, a almoçar sozinho", "pois é, vai lá chamá-lo", "não, vai lá tu"... e ninguém foi... e ficámos tristes assim a comentar que parecíamos os putos maus da escola, que não queriam almoçar na mesa do puto gordo porque iam ficar mal vistos... por isso no dia seguinte levantámo-nos "malta vamos à cantina, alguém quer vir?"... ninguém respondeu e então fomos embora...
uns minutos depois encontrei o indiano na cantina "então indiano, nós perguntámos se alguém queria vir", "ai foi? não ouvi" respondeu ele... fiquei sem perceber se não ouviu mesmo ou se não quis ouvir... mas não lhe quis dar hipótese e ele prestou-se a sentar connosco... e a cena começou bem, até o malaio lhe dizer "então, a miúda nova, é gira, não é? tu e ela é que faziam um belo par!"... ao qual o indiano respondeu, naquele seu sotaque a lembrar o apú, "penso que a minha esposa não ia achar isso nada apropriado"... matou-nos todos, foi a melhor piada do almoço...
até porque daí prá frente só ficou pior e tenho a certeza que houve ali uns momentos em que o indiano só pensava "eu sabia que isto era má ideia!" enquanto esperava ansiosamente que o malaio acabasse de comer para o poupar a mais sofrimento... quando voltámos, de volta do café, o hugo e eu recordámos a prestação do indiano, e a sua melhor contribuição para a conversa "então e tu hugo, qual é a tua especialidade?"... "tive para lhe perguntar que tipo de especialidade é que ele queria saber”, comentou o hugo comigo...
"sim!" respondi eu logo a rir, já a ver onde é que a conversa ia parar, "devias ter-lhe dito a minha especialidade? é a canzana! porquê, qual é a tua? ... missionário! tens mesmo cara de missionário"... e rimo-nos que nem uns perdidos... o indiano nunca mais almoçou connosco...
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