domingo, 29 de abril de 2007

uma entrada intelectualóide

desde que entrei nos eixos profissionais que, todos os dias, me deleito a ler um jornal diário de distribuição gratuita... aquele cujo nome é uma piada literária simbolizando o reboliço da vida urbana com o meio de transporte onde costuma ser distribuído... ou pelo menos é assim que o vejo, secalhar até nem tem nada a ver... pronto! "deleito" é um pouco forte para os conteúdos de cariz popularucho que a dita publicação promove...

à quinta-feira, salvo erro, existe um cronista que destaco dos demais: miguel somsen... à primeira vista fui preconceituoso, nome de beto, fotografia parva, para quem já viu... mas decidi colocar esses pensamentos reminiscentes dos meus tempos mais socialmente sombrios de lado e prestar atenção ao que o alegado crítico de cinema tinha para dizer... e ainda bem que o fiz, porque ele dá-lhe bem...

por exemplo, neste momento o leitor estaria a perder melhor o seu tempo se estivesse a ler algo escrito pelo pseudo-intelectual do que este texto manifestamente mal-amanhado por mim... na passada semana ele escreveu uma divagação sobre a utilidade do bilhete de identidade em comparação com o cartão da identificação fiscal... uma crónica interessante e pertinente ainda pra mais quando comparada com o lixo escrito por outro "cronista" que preenche aquelas páginas noutro dia da semana, o fernando alvim...

calinadas da bárbara

ontem à tarde estava a dar um concurso na síque, uma cena sobre a língua portuguesa, apresentada pela bárbara guimarães... a minha namorada e eu tivémos a ver um quarto de hora daquilo e foi um prato... a bárbara em tão curto espaço de tempo conseguiu meter os pés pelas mãos inúmeras vezes, numa situação ela leu "abulico" de "abúlico", não viu o acento?! seria de imaginar que alguém licenciado em comunicação social conseguisse apresentar um concurso sobre língua portuguesa... eu pessoalmente achei humilhante, é que feia e burra não é cliché...

a neblina tem doi doi

no outro dia, a meio do jantar, a minha mãe pergunta-me "então e o teu emprego?", "tá fixe!" respondi eu com a evasiva do costume... mas não deu, porque o meu pai aproveitou logo pra me pregar com alto discurso motivacional... a cena do cosume sobre o esforço, o empenho e a dedicação, mas desta feita com a ocasional acha descriminatória em relação à indústria da saúde e do bem-estar...

ao voltar prá indústria informática voltei a cair nas boas graças dos papás como um menino de coro copinho de leite... não é que a imagem me chateie assim muito, sempre fui um filhinho pimpão... mas acho que uma ou outra desavença também não fica nada mal, até dá uma beca de personalidade à cena... é por isso que concluí que tá na hora de comprar outra bomba...

e não pode ser uma qualquer, tem de ser usada e ter um nome ameaçador, "gt", "turbo", "cup", "type-r", "xsi", "sport", "gti", "rali", "vtec", uma cena do género...

quinta-feira, 26 de abril de 2007

uma aventura na ic19

ontem tava a ir pela ícêdezanove quando do nada ouviu-se "KACHUM!CRCRCRCRCRCR", "?!", "parece-me que estou a arrastar qualquer coisa"... meti quatro piscas e parei na berma... saí da neblina e fui lá atrás ver o que se passava... os ferros que seguram o pneu suplente tavam a rojar pelo chão, e o pneu nem vê-lo... eis que... passa a minha namorada no bebé dela a fazer "CRCRCRCRCRCR"...

ela vem ter comigo e eu digo-lhe "olha o meu pneu foi-se", e ela "pois, eu vi-o no meio da estrada... e acertei-lhe", "tu o quê? porque é que não te desviaste?"... fomos a correr ver como tava o bebé, tinha a saia da frente toda rebentada e o pneu suplenteagarrado... arrancámos o pneu e observámos o estrago... dei-lhe o sermão do "não se passa por cima de cenas estranhas na estrada"...

mas podia ter sido pior, foi só mesmo o plástico por baixo do choques... o bebé ficou desdentado... meti o pneu no porta bagagens da neblina e comecei a pensar como ia prender os ferros, porque o suporteera! qualidade de construção não haja dúvida... remexi tudo até que encontrei um cabo de porta paralela, dos tempos em que o meu pai trabalhava nisso... dei lá um de escuteiro, e ficou como novo...

segunda-feira, 23 de abril de 2007

A Doninha...

faltava pouco menos de uma hora pra me ir embora, quando o consultor sénior do projecto se decidiu a ir lá ensinar-nos mais um pouco da componente funcional da aplicação... "sniff sniff, ?!"... começou pra lá a divagar, a fazer desenhos sobre a telecompensação pela terceira ou quarta vez mas eu não prestei muita atenção...

porque foi nessa altura que notei o cheiro a cebola pôdre que andava no ar... eu até já tinha reparado que já não é a mãe que lhe escolhe a roupa... pelo que anda a semana toda com a mesma, afinal quantos dias é que uma pessoa consegue andar com a mesma tishârte? e como hoje até foi um daqueles dias de mais calor...

para tornar a cena mais desagradável, e como o rapaz não consegue concretizar uma ideia porque se está sempre a contradizer, esteve pra lá tempos intermináveis a falar e a falar... eu quase a cair pró lado num misto de sono e intoxicação, a esforçar-me por manter os olhos abertos... enfim, que belo final de tarde... a sorte é que depois de amanhã é feriado...

quinta-feira, 12 de abril de 2007

as vantagens do armazém

estava no momento alto do meu dia profissional, a hora do almoço... faço cenas parvas e inúteis como apanhar algum sol e respirar fundo... quando reparei que até agora ainda não escrevi uma única linha simpática sobre o trabalho aqui no armazém...

o que pode levar o leitor a tirar uma conclusão: que o trabalho aqui no armazém não tem nada mesmo de simpático... erradíssimo! na verdade o armazém tem algumas regalias que o fazem ombrear com qualquer grande empresa em qualquer mercado...

!, horário: pouco depois das seis da tarde já tou a correr rua fora aos gritos "liiiiiiivre ahahahahahahaha liiiiiiivre!"...
", desporto: todas as semanas o mítico e interminável embate entre os solteiros e os casados...
#, assistência médica: tá ali uma carrinha com um médico em baixo a passar receitas e assim...
$, localização: tenho o privilégio de passear diáriamente na linha vermelha do metro, reconhecida como a linha mais fixe da europa... vêm-se montes de carros mexidos na rua... e hoje até uma jovem grávida de 15 anos vi... qualidade de vida! secalhar era capaz de ter 16, vá...
%, ingénuos: os tótós passaram-me prás mãos um portátil fujitsu sem pedir nada em troca... daqui a uns tempos vendo-o na candonga e apareço aí no dia seguinte todo esfolado a dizer que mo roubaram...

quarta-feira, 11 de abril de 2007

ainda vai arranjar problemas

aparece lá um dos chefinhos que pergunta "tás a ler a documentação?", eu olhei pra ele e pensei em responder que até podia parecer, à primeira vista... mas que na verdade o que estava a fazer era a aborrecer-me de morte a ler um texto desinteressante e cheio de erros ortográficos estando quase a atingir o ponto em que preferia cortar os pulsos do que ler mais uma linha que fosse... mas fiz que sim com a cabeça...

ele virou-se pró meu coleguinha de projecto, um lingrinhas vestido à beto, e o meu coleguinha mostrou-lhe orgulhoso de peito feito que tinha andado a mexer na aplicação por iniciativa própria a corrigir erros que encontrou... o chefinho ficou todo feliz e incentivou-o a avisar os bacanos responsáveis, para os alertar...

passado uma horinha telefonam pró meu coleguinha... oh! eram os bacanos responsáveis, na pessoa do inadaptado social a dar um granda sermão ao coleguinha por mexer onde não era chamado... eu só o ouvia "pois, tens razão, sim, sim", "vou ficar aqui quieto e não mexo em mais nada então"... os picos ficaram todos ofendidos...

terça-feira, 10 de abril de 2007

rali de portugal: dia dois, primeira etapa

até tavira foi fácil, seguimos a auto-estrada... até que vemos passar o irlandês... eu ainda disse ao gordo pró seguir, a fazer sinal de máximos pra picar o bacano... ah, mas tava a dizer, depois de tavira é que foi mauzinho... porque as placas não indicam népias...

até que o gordo topou um bacano com um passe de rali e achámos por bem segui-lo... conduziu-nos à segunda zona espectáculo do terceiro troço... quando lá chegámos já tinham passado os cromos todos... só deu pra ver os que conduzem pouco melhor que eu e ainda por cima mal, porque aquilo tava tudo fechado, a malta toda ao molho... foi mazé prá loira e prá bifana...

final da manhã a guarda, autoridade no local, decide-se a abrir o troço... foi a revolução... o pessoal começou a trilhar aquilo tudo e foram-se meter nos sítios mais parvos que encontraram, como, o lado de fora das curvas... ainda não percebi essa fixação pelo lado de fora da curva, deve ter muita piada ver o monstro de trezentos cavalos a ripar na tua direcção...

eu encontrei um sobreiro todo à maneira, mesmo ao lado do troço e sentei-me lá em cima... seguiu-se uma espera interminável ao sol, até passarem os abre-troços... foi o delírio quando de cima da árvore gritei "vem aí o grónhólme!", o pessoal todo a sacar das máquinas fotográficas... minuto depois vem de lá o bacano disparado VROOOOOOOOOOOOOOOOM PÁ VROOOOOOOOM "UAU!" e desaparece do outro lado...

uma nuvem enorme de depois com os olhos no horizonte a rever a cena maravilhado... o modo como entrou em cada curva, onde acelerou e onde trocou de mudança... cenas de agarrados dos carros... sem muito tempo a perder que lá ao fundo já se podia ver a nuvem de pó do seguinte...

quando a minha namorada me veio buscar eu vi-a e indiquei-lhe um lugar pra ela estacionar... e ela... confundiu-me com um arrumador... e disse que eu cheirava como os tios dela, quando vinham da horta...

segunda-feira, 9 de abril de 2007

o retornado martírio informático

final do segundo dia no meu novo emprego e os efeitos nefastos da malfadada máquina já se fazem sentir... o meu humor está por um fio, até andei a trocar mimos com os papás... ontem, a meio do jantar, tentaram dar-me um sermão, eu estrebuchei, tentaram dar-me um sermão por estrebuchar... e áquela hora não tenho pachorra prós aturar, deixei-os a falar sozinhos...

estava à espera que fosse mau... mas ter uma... eles chamaram-lhe "formação", mas teve muito longe disso... foi um período perto de interminável com o maior inapto social que alguma vez conheci, a tentar efectuar uma espécie de apresentação na qual não conseguia formar um discurso coerente sem se perder constantemente em histórias paralelas que não interessavam ao menino jesus... desculpando-se no final por não se ter preparado... foi mau demais!

tive a fazer a matemática para ver quanto saía o segundo do tempo do importante engenheiro marco... mas nem isso chega para me tirar da melancolia depressiva que só pensar naquilo já me deixa... e quando em melancolia depressiva é-me fácil imaginar futuros nada risonhos em que me vejo sem cabelos, velho, tristonho, miserável e acabado... não sei se aguento todos os dias a contar os minutos prás seis da tarde gritar "liiiiiivre!!"...

sábado, 7 de abril de 2007

o primeiro dia, dos outros todos...

segunda vou voltar a trabalhar em informática... vai ser um choque brutal, mas agora tenho a noção que é um grande mal que se paga por um bem muito maior... não era propriamente a minha primeira escolha, mas foram os que se chegaram à frente mais rápido, com o bónus de receber melhor do que n'A Cave... é um projecto que tem aquilo que procuro de momento... volto a vestir a pele do engenheiro com um futuro risonho e promissor... e agora, citando o grande baita pico: "ou é pra subir, ou é pra subir"...

rali de portugal: dia um, cheiquedáune

chegámos lá pela manhã, tudo em pulgas para ver os melhores do mundo de volta a portugal... ainda estávamos a rebuscar no meio da multidão presente na zona espectáculo, à procura dum lugar bom, quando se vislumbra um subaru oficial... entra na chicane (curva à direita seguida de esquerda) mesmo à nossa frente, todo de lado... VROOOOOOOOOOOOM PÁ PÁ... e sai disparado monte acima... era o ex-campeão do mundo da subaru! foi lindo!

passam mais uns quantos dos melhores mafarricos dos ralis do mundo e às tantas... a multidão toda aos gritos quando lá ao fundo se consegue ver, a máquina especial do armindo, o campeão português! ele entra na chicane todo lançado, o carro a derrapar por todos os lados, sai disparado, mais rápido que uma flecha! e ficou tudo "UAU! granda campeão português! passou a voar!"... passado uma beca passa uma ambulância... e depois outra...

e daí a um pouco ouvimos dizer que o armindo se tinha espetado e atropelado uns quantos fotógrafos... o gordo começa logo com aquele típico discurso suburbano "eu bem que estava a ver que ele estava a andar demais pra um português"...

as férias

já há mais de um mês que eu me considerava de férias mas na realidade estava até bastante longe... porque estar sem emprego ou sem fazer nada de importante não é suficiente para que uma pessoa esteja de férias... estar de férias implica um sentimento importantíssimo que é um misto de euforia lunática com um profundo desprezo acerca dos problemas diários... comecei a senti-lo logo após aquela entrevista no cliente... daqui prá frente só consegui pensar em praia, jogos de computador e no rali de portugal... adivinhava-se uma semana alucinante... e foi!