quarta-feira, 22 de agosto de 2007

a próxima grande cena

ia no comboio a ponderar o meu desempenho como regente quando comecei a considerar despedir um dos meus subalternos... não que as minhas limitadas funções de regente me permitam despedir alguém mas se permitissem ele já estaria numa estação de metro a tocar viola pra tentar sustentar a casa nova... é simpático e boa pessoa, mas não vale o que lhe pago por mês... e nem sei quanto recebe, mas tenho a certeza que é demais...

sei bem que isto de ser regente é um por enquanto, mas a cena é que me habituava facilmente a este cenário de: "oh marco e agora?", "oh marco como é que faço?", "oh marco ajuda-me aqui"... também já faltou mais, neste momento sou a estrela em ascenção no universo da consultora global... até já me disseram "oh marco tu não tarda nada és gerente"...

ao qual eu respondi com naturalidade "eu sei"...

domingo, 19 de agosto de 2007

manhã de domingo atribulada

tou feito num oito porque tive a dar as aulas todas de domingo do oulemes peleice da quinta da fonte... todas, tirando a hidroginástica... começou com uma aula de total condicionamento, o nome pomposo que eles dão à ginástica localizada... eu dou, mas não gosto, então mudaram aquilo para pâmpe... ora, era só tias da local que nunca viram pâmpe na vida, tive de dar uma aula especialmente fraquinha...

com transições enormes, montanhas de dicas técnicas, explicações... isto traduziu-se num atraso, sei lá de quantos minutos... seguiu-se a primeira aula de córe, trabalho de abdominais e lombares essencialmente, ao som de um aquecimento de combáte... assim que comecei achei logo que aquilo tinha sido tremenda má ideia, era demasiado acelerado... um bêpêéme brutal, atrasei aquilo ao máximo, e ainda ficou rápido...

quando cheguei ao final achei que tinha morto as tias todas, mas qual quê... tavam com um sorriso de orelha a orelha... "mais uma?" perguntei, "mais, mais!" responderam efusivas... raramente tenho respostas tão prontas quando faço perguntas nas minhas aulas... dei uma faixa de abdominais do pâmpe e fui chamar a malta do combáte... ainda tive a trocar de roupa e sei lá eu com quantos minutos de atraso comecei a aula...

tava a dar a penúltima faixa da aula de combáte quando uma tia toda ressabiada abre a porta a espingardar por todos os lados porque a segunda aula de córe estava atrasada... fui lá falar com ela, pedir-lhe desculpa e explicar a situação, mas não deu... a mulher tava possessa, a mandar vir por todos os lados... eis que aparece lá a malta do combáte e começam também a trocar mimos com a tia, foi uma cena...

achei que aquilo já tava a passar dos limites e fui começar a aula de córe, a tia bazou a mandar as últimas achas "agora não faço!", "vou lá pra baixo fazer queixa", "já vais tarde" pensei eu... mais um aquecimento de combáte desacelerado, desta vez com uma mão cheia de pranchas laterais... terminei com uma faixa de condicionamento de combáte e no final ainda fiz o alongamento da aula que não tinha terminado...

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

o génio da mecânica

alguns meses depois de ter começado a tirar aquele belo curso de mecânica por correspondência, e a meio do módulo sete sobre os injectores, descobri que nasci para isto... porque vejamos: "a sua excelente primeira prova revela que tem aptidões para fazer um curso com elevado aproveitamento, há que continuar"... até agora só tive uma nota em todos os exames que já realizei, a máxima! parabéns para mim que sou um manifesto génio...

admito que é fácil... por vezes pergunto-me se estou a fazer batota, porque resolvo os exames já de si bastante fáceis, a olhar prá matéria, mas duvido sinceramente que eles sejam ingénuos e mesmo estúpidos ao ponto de esperar que alguém tente resolver aquilo sem consulta... prefiro acreditar apenas que tenho mais interesse e experiência que o normal estudante deste curso, não nos esqueçamos que eu sou o engenheiro do fítenâsse...

"mas a perfeição em todos os exames?" desconfiam vocês... e com justiça... porque despassarado como sou e a resolver exames em cima do joelho na hora do almoço, mesmo a olhar prá matéria, alguma cena acaba por escapar... mas, aí entra em acção o plano de contingência... é que se apresentar os exames no prazo de um mês, tenho direito a dois valores inteirinhos de bonificação... o que compensa a eventual argolada menor...

como por exemplo neste último exame sobre os carburadores onde troquei o pulverizador principal com o do enriquecedor... "o quê?" interpela o mecânico leitor lá do fundo, "como é que alguém confunde os dois enriquecedores?!"... faço as minhas orelhinhas de burro admitindo que são bastante diferentes... mas que aqui entre nós, acho que o prófe dos pontapés na gramática é que os confundiu na sua correcção... deixo passar porque tive nota máxima na mesma e ele é fixolas...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

a primeira aposta

inscrevi-me no mais famoso saite de apostas do mundo na altura em que os austríacos que mandam naquilo decidiram investir algum para tornarem a cena no patrocinador da primeira liga de futebol... isto foi há imenso tempo porque lembro-me de ainda andar na faculdade... deixei-me influenciar pelo cunhinha e pelas histórias de alguém que quase tinha ficado rico a apostar nos resultados do benfica na liga dos campeões... se porventura o benfica tivesse ganho...

fui contar à minha mãe e levei logo com um sermão sobre o vício do jogo... nada como um pai preconceituoso e galinha pra estragar o divertimento a um filho visonário... de qualquer das maneiras não foi por isso que demorei uns anos até lá meter massa pra fazer uma mísera aposta que fosse... foi mesmo por implicar esforço... no entanto a úlima promoção acordou a minha ideia incial e muito fecundada por cultura pop norte-americana de "tornar os jogos mais interessantes"...

para começar: benfica pra ganhar terceira pré-eliminatória da liga dos campeões... ganhei! ahá, ganhei! senti mais do que nunca a emoção e o calor do resultado à flôr da pele... daqui por uns tempos fico milionário, quando me tornar cromo a fazer apostas complexas e infalíveis... por agora já me dá pra comprar uma goma...

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

as férias como elas se querem

tou mais pretinho e provavelmente também mais colestérico mas isso é apenas o resultado natural de uma semana de férias na mais famosa serra do país... porquê ir prá serra no verão e não no inverno como as pessoas normais? oh, porque nesta altura a serra é barata e confortável, tem tanto sol e água como o feudo mais inglês no sul do país, tem queijos e umas estradas de montanha bestiais... mas admito, que a areia da praia me faz alguma falta...

esteve um calor tórrido e nem sempre deu para aproveitar porque a namorada se decidiu a comer um fiambre estragado e andou a debater-se com uma bruta indigestão... mas percalços à parte ainda deu pra lhe dar mais umas lições da reconhecida e certificada escola de condução do marco... assim sendo obteve aproveitamento nas disciplinas de "travagem com motor" e "iniciação à condução desportiva de montanha"...

cheguei a empacotar a consola, embrulhada num casaco e enfiada à pressão na mochila pra me entreter, mas acabou por voltar tal como foi... tínhamos direito a televisão por cabo e portanto acho que nunca na minha vida irei bater o recorde que estabeleci de episódeos de séries e filmes norte-americanos apreciados em cinco dias... muito embrutecedor mas que mais quer uma pessoa das férias para além que o façam esquecer em que dia da semana, do mês, do ano... vai?

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

a máquina da guerra

o cenário é uma base americana em pleno vietname ao pôr-do-sol... os soldados cansados, sujos e feitos em papa a serem mordidos por insectos... estão a perder, a morrer e a levar uma tareia enorme dos bombistas suicidas... é então que alguém decide pedir ajuda... ao cair da noite ouve-se um helicóptero a chegar... de lá de dentro saltam quatro máquinas de guerra... com braços enormes, cheios de músculos e tatuados de cicatrizes, capazes de esmagar o crânio de uma pessoa com uma mão...

é mais ou menos assim que eu gosto de imaginar o meu emprego... como as forças especiais, os mercenários que foram chamados de fora e pagos a preço de ouro para fazer o trabalho que os mariquinhas não têm jeito ou estômago para fazer... a diferença da metáfora prá realidade é que não saíram quatro máquinas de guerra do helicóptero, saiu uma... mal acompanhada por um oficial de secretária, um fumador esquizofrénico e um manjerico acabado de sair da recruta...

o oficial nota-se que tem experiência, um discurso algo arrastado a denunciar uma lesão de combate e demasiado tempo passado em papéis burocráticos que lhe retiraram aquela veia de assassino... o esquizofrénico sabe ao que veio e o que tem a fazer para sobreviver... o manjerico, bem... eles tinham um lugar a mais... a máquina da guerra veio pra fazer o seu trabalho e bem... pouco mais de metade dos objectivos atingidos pela equipa são da sua responsabilidade...

por isso não será de estranhar que o oficial um dia tenha dito "máquina da guerra? na semana em que eu vou de férias ficas tu a mandar"...