quinta-feira, 27 de setembro de 2007

o tiago é um caso de sucesso

ontem a afilhada da minha namorada fez anos e para comemorar acabei convidado a participar num jantar ali num restaurante em plena amadora... comeu-se e bebeu-se bem, à saída tava a dizer "boa noite" ao empregado do restaurante que tava ao pé da porta quando ele afirma que me conhece... após cuidadosa inspecção reparei que de facto se tratava do tiago, o filho de uma colega da minha mãe, a luísa, e que apesar de já não o ver há alguns anos, ainda reconheço bem...

tive pra lá a dar dois dedos de conversa com ele e vim a descobrir posteriormente que ele não só dá ali uma perninha a servir à mesa como é sócio lá do estabelecimento... e é aqui que a história leva uma reviravolta... é que me comecei a dar mais com o tiago quando ele foi meu monitor ajudante, ou assistente, ou miserável, já não me lembro bem... mas lembro-me bem que na altura o tiago tinha uns dezasseis anos e andava no oitavo... impressionante né?

ora já dizia a minha mãe, nem todos nascemos para ser licenciados e o tiago é um óbvio exemplo disso... e um exemplo que pelos vistos se orientou bastante bem... surpreendeu-me o trabalho árduo, "estou aqui há três anos e ainda não tive férias", e as horas "é desde que abre até que fecha", porque ele sempre foi assim a dar pró lorpa... mas é óbvio que a vida lhe corre bem porque ele já era rechonchudinho, mas agora tá mesmo a dar prá obesidade mórbida...

auto-estrada esburacada

ainda exercia na cave quando surgiu a polémica... a auto-estrada lisboa-cascais estava um pandemónio, com aquelas transições manhosas de uma faixa de rodagem prá contrária, passando por um asfalto mal amanhado na zona onde esteve um separador central... auto-estrada em obras, não devia ser paga, uma vez que o serviço que não está a ser, nem de perto nem de longe, bem prestado aos utilizadores... até já tinha ouvido os mitos do sindicalista que chegou à portagem e gritou "recuso-me!"...

quando li a notícia no jornal "governo muda a lei"... fiquei de orelhas de raposa no ar, interessado li o artigo... como de costume, pequeno, escrito num jornal grátis, duvidoso, e distribuído numa estação de transporte público... dizia algo do género "se a auto-estrada estiver num caos completo e prejudicar a circulação, e isto, e aquilo e..." mais um punhado de condições extremamente dúbias e impossíveis de provar acontecerem todas em simultâneo, então o utilizador pode ter direito a pedir um reembolso...

"tchina pá! que fixe!" pensei... nada como o nosso governo pra mexer nas cenas e deixar tudo na mesma... pró tempo e dinheiro que devem ter gasto a fazer aquilo mais valia terem-se embebedado todos com porta da ravessa... até nem sou apologista do "lá fora é que é -se bem", mas se fôssemos todos espanhóis ao menos pagávamos a gasolina bem mais barata... e se pra mim que nem uso o pópó todos dias fazia diferença, imagino prós outros... por isso é que também não me importava de receber menos bruto que líquido ao fim do mês...

terça-feira, 25 de setembro de 2007

... de gatunos, e de chupistas!

de manhã tive a tirar um curso de "trafulhice no crédito habitação" para depois na hora do almoço ir negociar com o banco a massa para comprar a casa de sonho... desmistificando e pelo que percebi os bancos andam prái todos a oferecer seprédes muito baixos, três anos a zero e gomas em forma de crocodilo para quem lá se endividar até ao fim da vida... mas, a cena é que continuamos muito entregues à bicharada...

porque vejamos, existe a malvada euribor, que como aprendi recentemente, anda a competir com o preço barril de petróleo a ver quem atinge máximos mais históricos... depois existe o sepréde que basicamente é o que o banco usava antigamente para roubar... "oh acho-o feio!", e toma lá um sepréde brutal em cima da euribor... entra o défice e o sepréde torna-se parangona de campanha promocional com valores a rasar a tijoleira do chão...

para compensar inventaram a tai, a somar às duas descritas anteriormente... e o que é "a tai" pergunta o leitor... eu fiz a mesma pergunta: "ah renhénhé, renhénhé" enrolou o banco sem se fazer perceber minimamente... fiz-me de parvo "então e esta taxa final depende de quê?", "da euribor e do sepréde" responde o banco recuperando a voz confiante... "então este valor é fixo?" apontei prá tai, "sim" responde-me sorridente...

"então explique-me como é que um colega meu fez um crédito pelo mesmo valor em fevereiro, tem um sepréde maior e uma taxa final mais baixa?" adorei fazer esta cena... o banco não se deixou abater, e começou a inventar: "impossível!", "vimos o valor esta manhã", "a euribor tava mais baixa", "já foi actualizada", "não foi nada", "pode crer que foi"... e daqui prá frente eu achei que a conversa tava a tornar-se estúpida e fiquei-me por ali... amanhã tento outro banco...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

a primeira aula de setépe

admito que já tinha saudades de ouvir o cerca a discursar durante uma hora, a cena é que um ano após ter terminado o ífi, o discurso ainda me soa extremamente familiar... mas tava pra lá a curtir o momento nostálgico, que à parte da falta de cadeiras e de caras conhecidas me levou de volta para os domingos mágicos do ífi... quando o pedro me diz, "oh marco tens de dar as minhas aulas de sábado"...

eu fiz logo uma careta... é que a de bódi combáte é às nove da manhã e a outra a seguir é de bódi setépe que eu não sou instrutor, "ah mas dás assim uma aeróbica e localizada ou assim" tentou ele... eu compreendo o problema, os instrutores de bódi setépe são mais raros co petróleo, tar a convencer um a ir ao sábado de manhã dar uma aula num ginásiosinho de segunda por cima do babilónia era complicado...

lá fui eu desenterrar os meus apontamentos do setépe para preparar uma coreografia para dar na minha primeira aula... comecei com um bocado da coreografia que utilizei no exame e construí a partir daí uma cena bonita, com dificuldade crescente, fiquei orgulhoso... tive a exprimentar as voltinhas pra recuperar a minha disponibilidade motora, mas sabia bem que não ia dar pra preparar aquilo convenientemente... mas azar...

atrofiei-me logo todo no aquecimento com a música e com a perna de liderança... depois achei que era suficiente e comecei a construir a coreografia no setépe... aí a cena começou a ficar composta, até ao... uuuuu... passo difícil! que fez com que a cota começasse a espingardar enquanto que o resto da malta já andava aos saltos em cima do setépe... isto tudo tornou a aula muito difícil de gerir...

quando a poeira assentou houve lá uma pessoa que me disse "marco, granda aula, adorei" e houve outra que foi à recepção fazer queixinhas porque não se podia trocar um bódi setépe por um setépe coreografado...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

e vinho verde...

a minha primeira ideia foi que seria extremamente aborrecido perder uma noite de sexta com os meus colegas de departamento... mas preconceitos à parte achei que um jantar tudo incluído numa das mais conhecidas cervejarias da capital valia a pena o sacrifício, aliado à vantagem de ir lá dar-me pra simpático com os manda-chuvas que pensando que não... facilita... a casa com piscina no condomínio não se paga sozinha...

o ambiente estava porreiro, obviamente muito mais membros do sexo masculino e as poucas raparigas altamente assediadas e motivo de coscuvilhice... deu para cumprir todos os objectivos da noite e a mais não se pediu... no entanto e apesar de reconhecer a humanidade dos manda-chuvas, fico sempre bastante surpreendido por ver a facilidade com que, ao fim de poucas cervejas, confidenciam as maiores barbaridades...

aparece de lá o parceiro, um dos poucos que só existe uma pessoa, na empresa inteira, acima dele, mostra-nos uma foto dos seus tempos da revolução com um cabelo enorme... e começa pra lá a contar as histórias relacionadas dos tempos do matusalém, que fazia assim e batiam nos polícias e assado... e nós perguntámos, "comé que um maoísta acaba manda-chuva numa multinacional capitalista?", e ele respondeu "descobrindo que está errado"...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

o terror psicológico

evitei falar da minha primeira escolha para moradia com os papás porque assumi que a linha de sintra os ia deixar de pé atrás... errei redondamente para a minha mãe, acertei em cheio para o meu pai que começou com histórias da carochinha sobre o trânsito... o que é engraçado nesta história é que eu argumentei, e ele calou-se... ora conseguir calar o meu pai é complicadíssimo, porque geralmente ele tem de ter sempre razão e levar a bicicleta... no entanto dê por onde der, a decisão é minha...

na casa da namorada passou-se algo semelhante, o problema é que a minha namorada é mais pachola e deixa todá gente mandar bitaites sobre uma decisão que devia ser dela... a começar no pai que brada aos sete ventos que "não concorda", a irmã que já nem mora em casa e no entanto o assunto parou-lhe no colo a "avisar" para as inúmeras tormentas da navegação na icêdezanove em hora de ponta, e terminando na mãe reformada que já não tem mais nada com que se preocupar pralém da vida alheia...

quem lê estas linhas é tentado a pensar que não gosto deles... e não gosto! não gosto quando provavelmente estão todos a pensar que aqui o mau da fita é que anda a desencaminhar a menina linda... e gosto menos ainda quando eles fazem este terror psicológico com a minha namorada, enquanto lhe passam o enorme atestado de estupidez como se ela fosse incapaz de tomar a decisão sozinha, ou que não tenha pensado já em todos esses estupidamente óbvios prós e contras...

mais do que "professores agostinhos" e "doutoras carolinas" metem-me muita dó os desmancha-prazeres... os velhos do restelo... os pássaros aviso do tinoni "eu tou ávisar, eu tou ávisar"... por muito bem intencionados que eles pensem que são...

e a doutora carolina

chegámos ao pé da senhora da imobiliária que nos informou "que a doutora não está porque eu já toquei e nada"... demos o desconto por ser sábado e esperámos um monte de tempo pra que a dona da casa se dignasse a aparecer... uma magrela com um ar bué esgroviado abriu-nos a porta do prédio e conduziu-nos para dentro da sua casa... assim que entrei na sala saltou-me à vista, um diploma enorme por cima da lareira a dizer "universidade da califórnia"...

eu olhei práquilo e imaginei a estranha personagem com a moldura na mão a pensar: "que estratagema é que eu vou arranjar pra esfregar isto na cara do mundo?"... metem-me um pouco de , estes "professores agostinhos" e "doutoras carolinas" que têm uma auto-estima tão em baixo a espolinhar-se no lodo que necessitam que um título académico lhes dê alguma força ao nome, à personalidade... por falar nisso, o meu diploma já deve ter sido comido por uma traça, lá na faculdade à espera que o vá buscar...

o professor agostinho...

era uma vez o pedro, conheci-o num dos meus primeiros dias como estagiário na cinco... rapidamente nos demos bem porque ele já andava com ela fisgada de se tornar um ífi... dei-lhe uma última forcinha e tádá, meses depois tá ele a telefonar-me pra me passar uma aula no ginásio "ginástica e dança" ou qualquer cena assim... "outra vez?" pensei... é que depois de ignorar o imeile com a maravilhosa oportunidade de emprego, chegaram a telefonar-me...

eu engonhei uma resposta tal como o faço sempre que alguém me tenta passar responsabilidades pra cima... mas daquela vez era diferente, era um amigo a pedir ajuda... como sou uma pérola de pessoa lá aceitei uma aula ao sábado de manhã, o que me impede de ir passar os próximos fins-de-semana na conchichina, mas é por uma boa causa e... aproveito para cumprir o sonho da... minha namorada... é que o "ginástica e dança" é o ginásio onde ela anda!

lá me levantei eu cedo demais pra um sábado pra ir safar o pedro de um belo molho de bróculos... o pedro deu as primeiras cinco faixas, de setépe, e eu continuei com o trabalho de força no pâmpe... a aula foi uma maravilha, a minha namorada ficou toda feliz, e o pedro disse-me pra ir falar lá com o dono da cena... cheguei à recepção e disse "disseram-me pra falar com o agostinho", "ah! o professor agostinho, vou chamá-lo"...

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

a piscina e o ringue

o baile começou logo no meu primeiro dia útil de férias... estava a contar de ir prá praia aproveitar o sol e o mar como uma lontra quando a namorada me apareceu com o discurso de irmos a uma imobiliária... eu por dentro fiz uma horrenda careta, não é que não queira sair de casa, poupar o orçamento dos papás, deixar de ser agarrado... mas é daquelas cenas que podia resolver-se sozinha sem dar muito trabalho, e especialmente sem me fazer perder preciosas horas livres...

lá fomos nós falar com a senhora regina assim ainda um bocado apatarecados sem saber responder muito bem às perguntas sobre o que valorizávamos numa casa... agora cerca de um mês, e duas mãos-cheias de casas depois, consigo fazer uma descrição detalhada do género: "tem de ter elevador, têdois usado máximo mílecinquenta, novo um pouco mais, pra cima de noventa metros quadrados, preferencial com garagem, têtrês é caso pra pensar"...

após inúmeros anos a morar na amadora a namorada começou a topar a oportunidade de fuga... começou a magicar planos de ir prá linha de cascais onde coincidentemente, ela trabalha... o problema é que todas as maisons que práquele lado vimos são muito mal situadas, o que para mim se iria traduzir em tempos de trânsito ainda maiores que as duas horas diárias que perco actualmente... fiz má cara e bati com o ... o que gerou um ambiente mauzinho...

depois de semanas a discutir com a minha pocahontas sempre que o assunto dava à costa, achei que a solução do problema passava pela manipulação... passo primeiro, encontrar uma casa que eu goste e de preferência nova... o facto de ser nova deixa-a logo de orelhas arrebitadas, tipo o gato quando ouve um assobio... eis que aparece de lá o consultor sénior, o responsável do projecto, a falar à boca cheia sobre a sua maravilhosa morada...

é uma pessoa assim a dar pró exibicionista, sempre a puxar a brasa à sua sardinha pra nos dizer o que tem, deixa de ter e porque não comprou antes... no meio do plasma, da pêéssetrês, e de um outro sem-número de objectos identificadores de riqueza que ele pra lá contou, a história da morada foi a que mais me interessou... e até me convidou, e à namorada, a dar um passeio guiado pela propriedade...

também não foi preciso muito pra me convencer, naquele momento de fraqueza secalhar até o plasma levava afinal... a namorada fez-se de difícil por ser novamente um lugar levemente chegado à amadora, mas ela também gostou... meteu uns entraves de preço e distância, mas ao fim de alguns dias e sóbria argumentação da minha parte e alguma cedência da parte dela... alguém tinha de o fazer... lá assinámos o tratado de paz...