quarta-feira, 20 de outubro de 2010

o pequeno almoço inglês

é uma longa história, mas não temos direito a pequeno almoço no hotel... por um lado é mau porque temos de pagar pelo pequeno almoço, por outro lado é muito giro porque me dá a oportunidade de experimentar todos os cafés daqui até ao escritório... e assim acabei por efectuar uma cuidada pesquisa e selecção que passo agora a explicar...

o "eat" foi o último que descobri... é um daqueles que serve pequenos e almoços e esses não me inspiram muita confiança porque fico um pouco desconfiado de cenas com múltiplas funções... na semana passa lá me decidi a experimentar e ainda bem que o fiz porque descobri um dos melhores pequenos almoços aqui na ilha... o capuccino não é nada mau, e têm canela para meter por cima... o melhor é o croissant com queijo e bacon que, por mais cinquenta pês, a senhora mete na chapa da tosta mista! a mim a senhora não me cobra o extra, acho que é por ser giro...

o "pret à manger" é outro dos meus preferidos, do amor também... aqui têm na minha opinião, os melhores croissants de massa folhada de toda a ilha, talvez até os melhores do mundo... vá, do mundo que eu conheço... para além disso têm também o folhado quentinho de queijo, fiambre, bacon, tomate e orégãos que também é outra iguaria... o café não é nada de especial e depende da loja e do empregado que o prepara, mas é bastante bebível...

o café "nero" gaba-se de ter o melhor café de milão para cá e a minha opinião confirma-o totalmente... é de longe o melhor capuccino (a única coisa que eu bebo) de toda a ilha... como o bicho inglês é esquisito e costuma levar a comida às costas para casa para comer, ou armazenar ainda não percebi, como as formigas, geralmente paga-se mais por se comer na loja... aqui costumo fazer questão de pagar mais para saborear o café no seu maior esplendor, numa chávena, por oposição ao malfadado copo de papel reciclado...

ao "pod" costumo ir porque é barato e costuma estar minimamente vazio e sem confusão... às vezes no "nero" a fila sai pela porta da frente e até todas as mesas da esplanada estão ocupadas, e está frio na rua! aqui o croissant é enorme, o maior de todos e o café também não é nada mauzinho... no verão tinham uma promoção bestial de todos os cafés a libra e meia, o que era o abuso do balde de capuccino... agora ao fim de cinco oferecem-te um pelo que vale a pena frequentar até terminar o cartão...

o "benugo" que fica no rés do chão do escritório, marca pontos por ter preços mais baixos e por apresentar o único croissant misto, ou o que quer que seja misto, em toda a ilha... qual é a dificuldade de juntar o queijo com o fiambre?! o capuccino tem um sabor esquisito, mas é ainda assim melhor que o da máquina... e por último vendem pacotinhos pequeninos de leite fresco, porque também vendem os de cereais, mas eu ignoro isso e bebo aquilo assim sozinho...

por último o "starbucks" é fixe porque é uma cena algo póche, apesar de existir um por cada esquina... também dá para meter canela no café, o que é raro por aqui, mas de resto não tem mais nenhum apelo... o mesmo se passa um pouco com o "costa" que também existem muitos, tem um café suave que o amor adora, mas fica-se por aí todo o apelo que aquilo possui... ainda assim costumamos ir lá bastantes vezes porque existe um no terminal 1 que é onde apanhamos os voos da tápe...

em relação ao pequeno almoço continental, aquele do bacon, das salsichas e dos ovos... entrei uma vez assim num café mais comida lenta e deram-me um prato com tanto ovo mexido que nunca mais me arrisquei... e a cena de misturar feijão preto naquilo também é uma ideia muita peregrina... tudo bem que o pequeno almoço é a refeição mais importante do dia, e eu presto-lhe a devida homenagem, oh se presto... mas feijão? deixem-se lá de parvoíces!

o marco e o paintball

"ei marco, vais cá passar o fim-de-semana?" pergunta-me o malaio... respondi que sim e acabei convidado a ir praticar paintball com ele e os amigos... convite esse que aceitei e comentei com o resto da malta do projecto, o que deixou o malaio um pouco atrapalhado por não ter convidado mais ninguém... mas apesar de, na altura, terem manifestado um ligeiro interesse no assunto, eu não acredito que mais alguém aceitasse realmente o convite se lhes fosse endereçado...

tentei ainda levar o amor comigo mas ela disse-me que lama e chuva só nos escuteiros e foi por isso que de lá saiu... o engraçado é que afinal esteve um dia lindíssimo, apesar de haver imensa lama na mesma... lá estava eu, de manhã, na estação de euston, a cumprimentar o amigo italiano e a namorada, e o outro amigo francês e o chinês também cuja alcunha é "pipoca"... em português mesmo, porque eles são todos do grupo da capoeira e foi o brasileiro que dá as aulas que a inventou...

apanhámos o comboio para hemel hemstead, que curiosamente foi onde o chefe ficou quando cá veio... "é a duas milhas do escritório" disse a agência de viagens que marcou... se enganou num dígito, porque na realidade são vinte milhas! e aqui fazendo a pausa para entrar momentaneamente no discurso do "isto vê-se mesmo que não é portugal"... em vinte e cinco minutos, num comboio que estava a sair com frequência de dez minutos no domingo de manhã, estávamos no meio de campos verdes, relvados e cheios de vacas... normalmente eu em vinte e cinco minutos chego ao cacém...

mas é óbvio que eles têm conceitos de transporte completamente diferentes dos nossos, tal como também são bem diferentes os conceitos de refeições que eles têm... ora, manhã chegámos ao campo do paintball, nós e os outros grupos todos de imensa gente, com montanhas de putos minúsculos... fomos parar à equipa xadrez, porque a nossa bandeira era preta e branca, e deram-nos as vespas como adversários porque eles eram amarelos e pretos... pior do que ficarem com o nome fixe, também percebiam imenso daquilo...

pelo que foi o dia inteiro a levar tareia atrás de tareia... porque temos de enfrentar sempre os mesmos adversários, embora em cenários e com objectivos diferentes, o que fez com que aquilo tenha sido minimamente dinâmico e engraçado... o meu problema com esta actividade continua a ser o mesmo e prende-se um pouco com o facto de disparares três ou quatro vezes com a arma na mesma posição e cada tiro acertar num sítio completamente diferente... aquilo tem uma precisão horrível pelo que à queima-roupa consegues fazer algo... o que dava claramente vantagem aos nossos experimentados adversários das granadas...

ainda assim e em quatro jogos de duas rondas, matei um bacano e acertei umas três ou quatro vezes noutros, que não morreram porque eram batoteiros... mas isso até é na boa porque eu próprio também fazia isso... só se apanhasse assim mesmo uma rajada daquelas duras, com duas ou três boladas, é que levantava a mão e era para não apanhar mais que aquilo dói que se farta... contas feitas devo ter mais ou menos morto tanto quanto morri o que, bastante longe de ser motivo de orgulho, também acho que não é especial vergonha...

também continuo a achar que tenho um enorme potencial nessa prática, especialmente porque jogo ao "chamada do dever" e tenho a mania das armas... mas que irá provavelmente ser todo desperdiçado porque aquilo ainda é caro, e também não tenho tantas oportunidades de praticar... termino dizendo que o cenário de proteger o castelo foi brutal! fiquei lá em cima a gritar "morram! toma! ahahahahah" e a chamar nomes em português e inglês "ah, batoteiro já te acertei!"... queimei as bolas num instante, com o sangue a ferver e a adrenalina a bombar... "já acabou? oh perdemos"...

a batata encasacada

esta semana começámos a almoçar todos os dias na cantina... essencialmente porque descobrimos que a batata encasacada é muito barata... aquilo é apenas uma batata enorme com casca, mas paga-se por cada molho que metes por cima... o que significa que podes encher de molho até acima que não pagas mais por isso... geralmente tem dois molhos vegetarianos e um com carne, pelo que dá para fazer belas combinações... e por último ainda costumamos polvilhar com queijo ralado que acho que devia ser para a sopa...

num dos dias estávamos a almoçar, os três portugueses e o malaio, e vimos o indiano do outro lado da sala a almoçar sozinho... e ficámos naquela "oh que cena triste, a almoçar sozinho", "pois é, vai lá chamá-lo", "não, vai lá tu"... e ninguém foi... e ficámos tristes assim a comentar que parecíamos os putos maus da escola, que não queriam almoçar na mesa do puto gordo porque iam ficar mal vistos... por isso no dia seguinte levantámo-nos "malta vamos à cantina, alguém quer vir?"... ninguém respondeu e então fomos embora...

uns minutos depois encontrei o indiano na cantina "então indiano, nós perguntámos se alguém queria vir", "ai foi? não ouvi" respondeu ele... fiquei sem perceber se não ouviu mesmo ou se não quis ouvir... mas não lhe quis dar hipótese e ele prestou-se a sentar connosco... e a cena começou bem, até o malaio lhe dizer "então, a miúda nova, é gira, não é? tu e ela é que faziam um belo par!"... ao qual o indiano respondeu, naquele seu sotaque a lembrar o apú, "penso que a minha esposa não ia achar isso nada apropriado"... matou-nos todos, foi a melhor piada do almoço...

até porque daí prá frente ficou pior e tenho a certeza que houve ali uns momentos em que o indiano só pensava "eu sabia que isto era má ideia!" enquanto esperava ansiosamente que o malaio acabasse de comer para o poupar a mais sofrimento... quando voltámos, de volta do café, o hugo e eu recordámos a prestação do indiano, e a sua melhor contribuição para a conversa "então e tu hugo, qual é a tua especialidade?"... "tive para lhe perguntar que tipo de especialidade é que ele queria saber”, comentou o hugo comigo...

"sim!" respondi eu logo a rir, a ver onde é que a conversa ia parar, "devias ter-lhe dito a minha especialidade? é a canzana! porquê, qual é a tua? ... missionário! tens mesmo cara de missionário"... e rimo-nos que nem uns perdidos... o indiano nunca mais almoçou connosco...

domingo, 10 de outubro de 2010

a máquina vence o humano

contei as minhas moedas... davam ... pedi 1£ emprestada ao diogo para fazer 10£ e fui todo contente até à máquina... "carregar ostra, 10£, dá-me um recibo"... começo a meter moedas, tudo porreiro pá... até que a última é recusada! tentei de novo e de novo e de novo até que a máquina disse "oh que peninha, demoraste muito tempo"... e devolveu-me as moedas todas...

"estúpida máquina e moeda" resmunguei... comecei a operação toda de novo... "agora meto logo a moeda da discórdia de início que assim se não funcionar é logo à primeira... entrou, fixe!" continuei a meter moedas... "espera lá que agora tenho quatro moedas de cinquenta e antes tinha duas"... meti as moedas todas até que a última é recusada novamente! tentei de novo e tentei, e olhei para ela para confirmar que era outra e não a anterior, mas elas são todas iguais... e a máquina disse "oh que peninha, demoraste muito tempo duas vezes, mas demonstraste imensa paciência a tentar enganar-me, toma lá o grande prémio!"...

e é então que começam a cair moedas atrás de moedas... a máquina deu-me as minhas 9£, totalmente em moedas de cinquenta... e perante um cenário tão desolador eu admiti a minha derrota... carreguei a ostra com uma nota de 20£ e passei a oportunidade de enfrentar a máquina à multidão que se afunilava atrás de mim...