terça-feira, 26 de julho de 2005

ainda há-de chegar a minha vez

onze da noite, estação de serviço ícêdezanove poente... parei o pópó na bomba doze em pré-pagamento e saí para ir... pagar! tava a chegar lá perto do boteco e topei um preto lá dentro, "ena pá! aquele tipo é buéda parecido co manel fernandes!"... (nota para quem não percebe népias de futebol, mariquinhas: o manel fernandes é um jogador do glorioso, acho que anda lesionado)...

entrei e meti-me atrás dele na fila a olhar fixamente com um ar buéda desconfiado... ele olhava pra trás e eu a olhar pra ele com ar desconfiado, "mesmo buéda parecido!"... pensei em dizer qualquer coisa do género "sabes com quem és parecido, sabes?" mas acabei por concluir que isso lhe devia acontecer inúmeras vezes já pra não falar que era uma saída uma beca saloia...

"mas mesmo bué parecido!", foi então que comecei a pensar que provavelmente era ele mesmo... cheirava bem, roupinha da moda, deixou cair um monte de cartões no chão... olhei rapidamente, um vermelho chamou-me àtenção, dizia "solinca"... "ui! ginásio do sebém!", mas não consegui ler um nome em nenhum dos cartões... mas até agora tudo parecia confirmar...

quando foi a vez dele pagar sacou de um cartão azul do montepio e quando o tipo o pousou no balcão deu pra ler o nome: "manel fernandes"... "é mesmo ele! buéda fixe!", comecei a pensar em dizer qualquer coisa como "ena pá! que cena fixe! és mesmo tu! tá tudo fixe? vamos ser campeões? força aí!" mas cheguei novamente à conclusão que era outra saída saloia...

domingo, 24 de julho de 2005

um dia completamente diferente

um dia da semana transacta não faço ideia qual porque são todos iguais, ah foi quarta, saí da praia e decidi no calor do momento "vou vestir a tíshârte do avesso" e se bem o disse, melhor o fiz...

cheguei ao emprego e logo a mara comenta preocupada "marco! marco! tens a camisola ao contrário!", "não é uma camisola, é uma tíshârte" respondo a fazer papel de puto chato... "pois, mas tá ao contrário" tenta ela de novo...

"eu sei" respondo calmamente... ela ficou a olhar pra mim do género "o qué que me aconteceu?", e eu depois complementei "sabes a minha vida é tão monótona que hoje decidi fazer algo radicalmente diferente, vestir a tíshârte do avesso"...

e foi aqui que ela ficou com um ar do género "porque é que fui abrir a boca?" misturado com "ele até tem um aspecto normal"... escusado será dizer que me fartei de ouvir insultos durante o dia todo...

acho impressionante como uma cena tão insignificante, como eu ter a minha tíshârte vestida do avesso, consegue causar tanta confusão às outras pessoas... ei! é uma tíshârte que tá do avesso, qual é o problema?!

comédias românticas num único parágrafo de cinco linhas ou menos

aparece a personagem masculina, tipo que pensa que é bom e que tem as garinas todas na mão, o típico homem pelas quais as encalhadas feministas que escrevem estes argumentos sonham... aparece a personagem feminina, a super-mulher, desenrascada e bem sucedida na vida que não precisa de ninguém mas que ainda não encontrou a sua alma-gémea...

conhecem-se e desde logo não gostam um do outro, o homem porque só gosta de burras e a mulher porque acha que o homem é burro... o destino intervém e eles têm de se gramar durante uma semana ou mais... a mulher apercebe-se que o homem tem aquela fachada de pensa qué bom mas no fundo é só sentimentos e é buéda romântico, a um ponto tal que é humanamente impossível...

o homem descobre que a mulher afinal precisa de alguém que lhe encha as medidas, e apesar de dar pra durona ela até salta no ar a ver filmes de terror de segunda... eles apaixonam-se e geralmente até dão uma queca, mas o destino intervém de novo, aparece um antigo namorado ou cai um raio ou assim e a cena que os juntou práquela semana deixa de existir...

cada um volta pró seu canto e comemos com uma cena intragável com uma música lamechas a passar por trás e cada um tristonho entregue aos seus afazeres diários... destino intervém outra vez e acontece qualquer coisa que os faz juntar ou um deles procurar o outro, dá-se então a cena final em que eles só dizem utopias e tratam superficialmente todos os problemas que assolavam a relação...

agora só falta encher isto com uma montanha de cenas de palhaçada, com pessoas a gritar histericamente ou a fazer caretas idiotas, incluir piadas fáceis, caniches, velhos rebarbados ou coscuvilheiros... uma banda sonora intragável com róquezinho de menina revoltada que pensa que já é uma mulher muito moderna, alternando com música romântica de elevador e tá feito...

ena! deu mais de um parágrafo e bem mais de cinco linhas... e ainda digo eu mal...

runaway bride (1999), noiva em fuga

o aique greiéme (o richárde guíre) é um machista que escreve uma coluna para um conhecido jornal em nova iorque que um dia decide tomar demasiadas liberdades criativas escrevendo acerca da méguie carpentére (a julia róbértes) que fica extremamente lixada da vida, lá na casa dela na terrinha e decide fazer queixa e depois o richárde é despedido... e fica chateado e bebe e cenas assim...

realizado, até ao ponto em que existe realização numa comédia romântica, pelo tipozinho que realizou a "prítí oumâne" e vejam lá bem, com os dois principais da "prítí oumâne", mas digo já à legião de fâns da julia que não é nem de perto nem de longe tão "bom" como a "prítí oumâne"... e agora pergunta o ávido leitor inteligente "comé que dizes isso se pra ti as comédias românticas são todas iguais?"...

"ah! bem visto!" respondo... de facto pra mim é tudo igual ao litro, mas na "prítí oumâne" aparece um lotus esprit e aqui o máximo que conseguimos é uma píque âpe toda pôdre... e o pior é que só dá pra diferenciar os filmes por carros que em termos de garinas tá tudo empapado com aquela sensaborona feia da julia a meter nojo com as suas manias de desenrascada e grande actriz e tenho uma carinha tão laroca e um sorriso tão fofinho...

as piadas são más, o argumento é todo feito a preparar grandes bitates que quando acabam não dão em nada e fiquei prái umas duas vezes naquela "pá, aquilo era uma piada?!"... tirando já as más que ao menos percebi que eram mas não davam pra rir... o richárde e a julia até tão bem, não fossem eles uns profissionais destas misérias, mas as cenas de romance são buéda forçadas e pouco credíveis, apesar deles fazerem aqueles olhinhos bonitos, ninguém papa aquilo... 2*/20*...

something's gotta give (2003)

o érri séndebórne (o jéque nicólsâne) é um cotazão bem sucedido e cheio de dinheiro de 63 anos que tem alto fétiche por garinas antes dos 30 que vai passar um fim-de-semana na casa-de-praia da namorada do momento a mérine bérri (a amanda píte, a jéque do jéque énde jíle)... depois encontram lá a mãe encalhada e a tia encalhada da mérine que se passam da cabeça, e o érri tem um ataque cardíaco...

a minha namorada e a caixa do dêvêdê apresentavam isto como o supra-sumo das comédias românticas, lá créme de lá créme, desse estilo odioso de sétima arte... tentei vê-lo com o espírito mais aberto que pude e até dei algumas gargalhadas, prái umas duas... só que ao fim de duas horas de filme já estava quase a espumar pela boca a dizer, "nunca mais acaba!"...

à grande pergunta "é melhor que todas as outras comédias românticas que já vi?" não consigo responder, elas parecem-me todas iguais, todas igualmente más! o jéque até faz bem o seu clichézado papel, enquanto que a diéne vai acompanhando, mas mal, apesar de até ter sido bem escolhida pró papel de cota que ainda faz umas curvas... o quíánu e a píte enchem uns chouriços de lado e não envergonham...

mas no final aquele argumento escrito por uma feminista que acredita no coelhinho da páscoa, a mão cheia de cenas de palhaçada com raparigas histéricas aos gritos ou homens a ridicularizar-se acabam por meter isto no meio da molhada... classifico-o como um " ao domingo à tarde pra fazer favor a alguém querido e se não tiver a dar mesmo nada melhor na televisão"... 4*/20*...

segunda-feira, 18 de julho de 2005

o grande prémio dos amigos do tálemeida

sábado, onze e um quarto da noite estamos nós a estacionar no kip com o feréde a reclamar porque não tava com espírito, porque tava frio e ele não tinha trazido calças e o jónicax a reclamar da minha condução a dizer "da próxima vimos mais cedo"... fomos lá encontrar o tálemeida que diz que tá atrasado uma hora...

o tálemeida apresenta-nos como cromos aos seus amigos do seteríte reicíngue, enquanto nos diz que só não ficamos em último porque há lá namoradas... lá vamos para mais um berífingue que eu passei o tempo todo a rir sempre co cota se saía com uma das passagens queu já tinha contado ao jónicax, agora é que sei o discurso de cor!

eu arranjo um kart lá pró meio da confusão e vamos abrir o baile! os karts estreados na quinta novinhos em folha, os correctores "novos" (ver "o grande prémio da finactiva") deve ter sido a qualificação que me deu mais gozo de sempre... tava na zona! o kart andava bués, com um barulho de tractor, e dava pra sacar grandas derrapagens...

não consegui fazer uma única volta lançada, aparecia sempre alguém a empatar a pista, até que vejo a bandeira de xadrês e sou o primeiro a ser chamado prá variante... páro lá o kart e olho pra trás a ver se vejo alguém conhecido, o bacano recebe a folha dos números e aponta pra mim... "ahahahahahahah" largo a minha gargalhada triunfante do costume e lá vou eu...

a pensar cenas como "ahahah limpei os amigos seteríte reissâres todos!"... páro na grelha e olho pra trás, ao meu lado alinha o gordo careca com o polozinho a uíliâmesbêémedabeliuéfeuânetíme, atrás dele na terceira, o feréde! e atrás dele na quarta, o jóinicax! começámos logo a fazer a festa, "é hoje que levamos a taça!"...

o sinal fica verde e VRRRROOOOOOOOOOOOOOOOM saio lado a lado com o careca mas ele pesa mais e eu ganho vantagem ao entrar na primeira curva "ah, já tá!" penso... começo logo a dar o máximo, mas os pneus arrefecem bués naquele intervalo e fiz logo um erro, o careca bem tentou aproveitar, mas eu fechei-o e ele travou, perdendo algum tempo...

"aproveita feréde" pensei, mas o feréde andava lá pra trás a fazer sei lá o quê e o careca aproximou-se novamente de mim... entrei demasiado rápido no gancho e saí de lado por cima do corrector, o careca aproxima-se de novo mas eu fecho novamente, ele trava e perde tempo de novo... passado uma beca já lá tava...

mas deu para ver que se eu não fizesse erros ele não tinha hipótese de passar, e fui mantendo o meu ritmo volta após volta na esperança que algum dos retardatários lixasse o meu perseguidor... às tantas entrei rápido demais na penúltima e andei de lado, o careca aproveitou e bateu-me na traseira, o meu kart derrapou e fiquei virado pra trás...

o careca baza... fiquei-lhe com um ! à distância quele vinha podia muito bem ter evitado, ele sabia que não tinha andamento pra mim... fiquei pior que estragado, meti o kart na direcção certa aparece o terceiro, mete por fora pra passar mas eu corto-lhe a trajectória obrigando-o a ir quase fora da pista...

fiz umas duas voltas a dar-lhe ao máximo e o cota mostra a placa da última volta... fiquei completamente desmoralizado... larguei o acelerador, a fazer as curvas buéda mal, só pensava "ah careca careca", tentei concentrar-me mas não havia mesmo nada a fazer... na saída do gancho o segundo mete-se ao meu lado e passa...

tentei ir atrás dele, mas meti o kart num sítio impossível, subi o corrector e acabei por fazer um pião... passaram todos! quando meti o kart a andar na direcção certa já era sexto, à frente do feréde e do jónicax... acabei a corrida saí do kart aparece logo lá o careca, "quem era o gajo do 21?", "era eu" respondo...

"ah desculpa lá, não deu pra evitar", "iá iá" respondo a fazer que sim com a cabeça com o meu ar de crédulo, "mas tava a ser fixe" continua ele... devia ter-lhe partido a boca toda naquela altura, mas não lhe quis dar o prazer de me ver chateado e prajá, o tipo do cêtêérre tinha o dobro do meu tamanho...

é verdade que fui parvo e que podia ter acabado no segundo lugar, mas pra receber uma taça a dizer "foste lixado por um gordo careca" prefiro uma medalha, é mais pequena... fiz um dos meus melhores tempos de sempre (1:08.35) sem nunca apanhar a pista vazia, e sei que ainda tenho prái umas três curvas que faço mal...

o kart tava uma maravilha, a pista tava uma maravilha e nem mesmo um careca mau perdedor chega pra estagar isso... os amiguinhos do tálemeida podem ser grandes cromos a fazer arranques de rotunda a rotunda e corridas de cone na vasco, com linhas de escape, admissões directas e coileouvâres... mas no kip? o kip é o meu quintal!

quinta-feira, 14 de julho de 2005

os meus ténis azuis, da adidas

um dia, há praí uns seis anos atrás fui numa tarde ao banco de portugal, já não me lembro bem fazer o quê, só me lembro que acabei numa lojinha de desporto que o grupo desportivo mantêm, ou pelo menos mantinha na altura, por lá que tem assim uns preçozinhos bacanos para os empregados, e ainda pra mais tavam em saldos...

voltei pra casa com ténis novos prá família inteira, que eu não quero que falte nada especialmente quando mos tinham impingido e era a minha mãe a pagar... na altura já estava deixar de ser bicho-do-mato e por isso material de marca já era fixe outra vez, e ainda pra mais ouvia córne, por isso aqueles ténis azuis da adidas eram mesmo perfeitos...

ah, mas os ténis eram tão, mas tão bonitos que não os podia conspurcar a usá-los todos os dias, que rapidamente ficariam em papa, pra não falar que era uma beca mandar pérolas a porcos levar uns adidas prá escolinha... só os usava em ocasiões especiais, como quando uma pessoa se veste toda bonitinha pra ir ao centro comercial ao sábado...

pronto, mau exemplo... mas eu estava a deixar de ser bicho-do-mato, ir ao centro comercial ao sábado com o pessoal era um evento extremamente social, e importante, ainda era virgem se não fosse isso! ops! não, espera, raios! treze! treze! isso mesmo, treze... mas é melhor passarmos à frente... a cena é cos ténis ficaram na prateleira durante imenso tempo...

comecei a usá-los mais quando comecei a ter cada vez mais eventos sociais porque achava que as garinas iam gostar mais de mim seu andasse com cenas de marca... é um conceito parvo, mas eu era parvo e os ténis tinham buéda estilo, sentia-me muito mais fixe com eles, e a confiança... é tudo! mas os ténis nessa altura ainda tavam fixes...

mas depois a idade começou a apanhá-los... ou melhor, o riqui, o rumabfum e eu comprámos uma bola de futebol no jumbo e começámos a fazer uns joguinhos lá na fáque... nessa altura os ténis já podiam ser usados todos os dias e cada joguinho de futebol os tornava menos pérolas... mas ainda ia ser preciso mais um ano para eles ficarem mesmo pôdres...

a minha namorada ameaçou deitá-los pró lixo, sabe lá ela as cenas queu já fiz com aqueles ténis... eu penso que deve ter algo a ver com ciúmes, ela deve querer ser o único amor da minha vida ou assim, e de momento até é... porque desde há uns meses pra cá queles tavam mesmo... maus... mas eu ainda os usava de vez em quando, até ao dia do primeiro jogo de futebol...

é que eu já me tinha habituado a jogar com eles, os remates do tigre saíam melhor não sei bem porquê... mas depois do primeiro jogo em que me fartei de arrancar relva a fazer entradas de carrinho decidi que o final da carreira deles ia ser no futebol... pois bem, a carreira acabou ontem onde no final de duas horas de remates do tigre eles acabaram em papa!

epá, mas papa à grande, a sola descolou! era eu a jogar e a sentir aquilo a desfazer-se a cada remate e a pensar "ena pá, cada vez tenho mais sensibilidade no pé direito!" e foi então que tive a brilhante ideia de atar os atacadores à volta dos ténis pra segurar a sola, ainda aguentaram mais uns dez minutos até ao final do jogo... sniff sniff...

sexta-feira, 1 de julho de 2005

são coisas da vida, com elas a vida terá de ser seguida

durante a tarde de hoje contemplei o meu dilema, convidar a namorada a jantar uma vez que os meus pais foram dormir a alenquer e o meu irmão trabalha, ou ir ao gíme e partir-me todo em duas horas de treino... o gíme ganhou por bués!

e agora os desesperados perguntam: "tomaste a medicação?! escolheste o ginásio em vez de uma queca ou mais?!" e eu respondo "!"... a minha namorada nos dias de semana é chata, sonolenta, rabugenta e mal humorada até dizer chega...

depois secalhar até se metia com cenas, "tou cansada", "tenho sono" e sei lá mais eu o quela inventa... depois ia ter de gramar com telenovelas duas noites seguidas e ia-me deitar tarde pra chuchu e tinha de levar a princesinha ao seu castelo...

bah! sinceramente preferi partir-me todo no gíme, tomar uma chuveirada, arrastar a asa à menina da recepção, comer um jantar leve e passar o resto da noite a ver a prova de puebla do dabeliútêcêcê...