terça-feira, 27 de novembro de 2007

o novo especialista: parte um

tava no comboio a ir pra casa quando toca o meu telemóvel... atendi para ouvir a secretária "olá marco, posso passar-te ao manda-chuva?", "claro!" respondi confiante... mas apesar de ser uma pessoa simpática, alegre e optimista, fico sempre imenso na defensiva quando um manda-chuva quer falar comigo... já a traçar cenários apocalípticos cada um mais improvável que o seguinte quando o manda-chuva diz:

"tenho aqui uma aplicação feita na linguagem que quero que tu analises"... fiz o meu sorriso triunfante e pensei "ah, precisa dos meus pózinhos de génio"... e obviamente concordei em ir lá mandar uma perninha pra safar aquela malta a fazer não sei bem... porque a cena mesmo gira é que... eu nunca tinha visto a linguagem até começar a trabalhar lá na consultora, e tenho a certeza que o manda-chuva sabe disso...

o que me orgulha é que... pelos vistos escolheram-me não porque eu sei muito, mas simplesmente porque pelos vistos sou o que sei mais... e pronto! também porque sou um génio...

domingo, 25 de novembro de 2007

aveiro fítenâsse: parte um

acabei de chegar da convenção internacional de fítenâsse de aveiro, que mais uma vez foi de arromba! da primeira vez que lá fui, aqui há dois anos, para além da jura que fiz de lá voltar todos os anos, andei com a pulseira que lá me deram (daquelas estilo festival de verão, pró sentimento de tribo) até cair completa de pôdre...

no ano passado tive para fazer o mesmo, porque a experiência tinha sido novamente igualmente emocionante... mas na altura tava na cinco de outubro, uniforme de manga curta, naquele clube de meninos ficava um pouco mal... andar com uma cena toda suja e pôdre no pulso numa tentativa tão idiota como inútil de me lembrar esporadicamente de um mísero fim-de-semana...

mas... tudo isso é passado! felizmente já não trabalho no clube de meninos... para além de já não ser obrigado a ter sempre a barba feita e a cara mais lisa que a de um bébé, também trabalho de camisa de manga comprida... o que me permite mais uma vez repetir o ritual... porque também este ano foi de arromba e até tenho duas, hão-de cair de pôdres!

domingo, 18 de novembro de 2007

o jantar danos da soraia: parte cinco

às imensas da manhã, a voltar lá do sítio para onde tínhamos ido após o jantar, parámos num semáforo... e foi então que eu topei a oportunidade de testar as capacidades do regionalmente conhecido "hélio gasolina celica", se bem que ele agora mudou prós gasóleos turbo, o mariquinhas... umas horas antes andava ele a cantar de galo "vou da minha casa no rio-de-mouro à minha casa no porto-da-luz em quinze minutos"...

assim que o semáforo fica verde eu meto a primeira e saio disparado... mudei prá faixa da esquerda e passei pelo hélio, que acho que estava parado a tentar descortinar qual o melhor caminho para ir para a casa dele... "boa!", "agora não sabes por onde é" disse o gordo resmungão de sono, "oh, mas agora deixo-o passar" respondi... acho que o hélio perdeu a sua veia assassina... também pode nunca a ter tido...

quer dizer... porque depois de chegarmos à casa dele, andámos por lá a investigar as esquinas todas pra tirar bem as medidas ao barraco e diz o gordo "e aqui é o escritório"... é uma cena moderna, ter um escritório... "ai é?" e fui a ligar a luz... CACHÁU!! até voei! nunca tinha tido corrente alterna, ou assim, a atravessar-me o corpo daquela maneira... é que o tótó, além de não ter interruptor, tem os cabos pró ligar completamente soltos...

conceitos modernos de ter três paredes brancas numa divisão e a quarta pintada de outra cor, eu ainda conheço... agora montar armadilhas na própria casa devo admitir que para mim foi novidade... parei logo a revista por ali... não fosse eu meter o na cozinha e acertar numa armadilha de lobos...

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

a função pública

no outro dia fomos ao registo civil ou assim para tratar dos papéis que passam a considerar oficialmente, e para todá gente sem excepção, que a minha namorada e eu somos um "nós"... fomos ao registo número três e tava cheio de gente... pronto, não... tinha prái umas três pessoas à nossa frente, o que significa obviamente que nunca seríamos atendidos naquele mesmo dia... fomos exprimentar outro registo, o quatro...

uma velhota toda simpática atendeu-nos com a saudação oficial "ah isto hoje vai demorar"... e disse-nos para tentarmos noutro registo, fomos ao oito... chegámos lá e não tinha ninguém... tirámos uma senha e logo nos perguntaram o que queríamos... veio uma senhora atender-nos... verificou os papéis e depois de ver que tínhamos tudo em ordem e perceber que não dava pra evitar, fez uma cara triste... "isto hoje vai demorar" disse, "porque eu ainda tenho de ir ali fazer psshsshshshshs..."

"ah bom!" pensei, "vai fazer psshsshshshshs...", "e certamente não podia fazer psshsshshshshs depois de nos antender"... deu-nos uma folha pra preencher e foi-se... demorou imenso tempo, quase perto de uma hora até que começou a ficar tarde... ali perto das quatro... a hora de fecho lá do barraco... voltou, pegou na folha, viu que tava bem preenchida e foi-se sentar no computador... ficou lá prái uma meia-hora a introduzir os dados... que atraso de vida!

mas ao menos tá despachado... "agora venham cá daqui a duas semanas marcar a data" disse ela "duas semanas?", "de certeza?" inquirimos nós, "é melhor três" terminou ela...

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

à solta... os picas... os picas...

na semana passada tava no comboio todo pimpão a ir pró emprego quando aparece o pica... geralmente acontece sempre pelo menos uma vez por viagem quando estou no comboio... naquele dia era o pica do ferro... eu até curtia o pica do ferro, porquê? porque era o pica do ferro... um matulão enorme que lhe no ferro e nos batidos e em sei lá eu em que outras substâncias porque o braço dele é mais ou menos uma perna minha e as minhas pernas até nem me envergonham...

eu mostro o passe e ele baza, depois volta e pergunta "esse é o único passe que tem?", "não tenho mais três, mas tão em casa" era a resposta que me apetecia ter dado... "então venha lá aqui" disse ele... aproximei-me e foi quando me apercebi que já tinha passado o mês... geralmente isto acontece-me uma vez por mês... "já percebi" disse quando me aproximei, "já? então força!" e expulsa-me do comboio... ainda por cima em belém, numa das mais refundidas estações lá no meio do deserto...

saí a resmungar cobras e lagartos, tive de pagar um estúpido bilhete e demorei bués a chegar ao emprego... fiquei com um ao pica do ferro que se soubesse onde é que o bacano tinha deixado o carro ia lá riscar-lhe aquilo tudo e esfrangalhar-lhe os pneus... fui contar a história à minha namorada e concluí com "eu até curtia o pica do ferro mas agora acho-o tão nojento como o pica sem-abrigo!"... ela fez uma lindíssima careta e disse "aííí esse pica é tão asqueroso"...

a descrição "pica sem-abrigo" é muita boa! é que até a minha namorada que anda na linha de cascais esporadicamente, conhece a personagem... e ele de facto é asqueroso, já tomava um banho...

domingo, 4 de novembro de 2007

o jantar danos da soraia: parte quatro

o jantar foi mau... gosto muito da soraia e do hélio, acho que fazem um belo par, apesar dela ser a dar pró anorética e ele ter barriga de cerveja... mas sou sincero... o restaurante que o hélio, em conjunto lá com os amigos, escolheram para a ocasião era mau... uma cena brasileira com picanha tipo tira de milho, sangria que parecia sumo e a caipirinha nem era nada de especial... tinha uma badocha a cantar e por isso paguei pra chuchu...

no final daquilo tudo decidiram ir prá noite... eu quis cortar-me, devido à minha aula dos sábados de manhã no ginásio onde anda a minha namorada, ali por cima do babilónia... mas o pópó era do gordo e eu não sou desmancha-prazeres... para continuar no caminho dos vencedores lá decidiram que fixe mesmo fixe, era o clube maçãs ali juntinho à praia... resultado prático, andámos de carro imenso tempo pra dar numa espelunca com o ar mais acabado do mundo...

ainda procurei pelo rumbafum no meio do público a dar pró mitroso do local... não porque o rumbafum seja mitroso, mas porque é a única pessoa que conheço que costuma andar ali práqueles refugos da linha de sintra... aposto como já lá teve e jurou para nunca mais... mas nem se tava lá assim tão mal... o som era terrível, muito pior que o estúdio do equalizador marado, mas ao menos aquilo tinha uns sofás minimamente confortáveis que deram pra me esticar ao comprido...

o jantar danos da soraia: parte três

final da aula o , meu antigo coleguinha da primária, vem ter comigo como de costume "reparaste que tinhas uma figura pública na tua aula?", "ai tinha?" respondo eu com o meu ar ingénuo "quem?"... o mostrou-se um pouco idignado "não reparaste?", "a cláudia semedo!", "do extase?"... o programa de televisão até conheço, mas é daqueles dos cromos da comunicação social a dar-se pra bonitos e engraçados, não é que me suscite muito interesse...

no entanto a imagem soou-me vagamente familiar "mas quem era?" perguntei... o descreveu "aquela mulata", "ah!", "já sei" respondi, tenho de admitir que tinha um ar diferente... "é aquela com quem eu tava a falar ali fora na boa!", do género "então, gostaste da aula?"... depois de uma pequena pesquisa para arranjar uma foto, para todos os despassarados como eu, que não percebem patavinas disto... passei a sentir-me bué importante...

o jantar danos da soraia: parte dois

ora a aulinha começou mal à brava... porque a aparelhagem, sabe-se lá porquê, recusava-se a dar som... chamei um bacano, que chamou outro, e outro, e às tantas já éramos quatro pessoas de volta daquilo a carregar nos botões todos... ao fim de dez minutos, já prestes a desistir quando o equalizador lá se decidiu a fazer coisas...

começou tudo a carregar nos botões do equalizador até que aquilo começou a mandar som, "não mexe!", afastou-se tudo da aparelhagem e pude começar a aula... mas o som tava mau à brava! aquele é o estúdio de todo o universo oulemes que reconheço com melhor som, muito à conta do súbe, que não existe em mais lado nenhum...

mas na sexta aquilo tava miserável, muito provavelmente porque carregámos em botões a mais... o som tava a sair quase só de uma coluna, a do outro lado e o súbe tavam praticamente quietos... a dar pró terrível, mas se a alternativa era nem ter som o melhor era não me arriscar a mexer mais naquilo...

o jantar danos da soraia: parte um

a meio da semana, do nada e ao fim de muitos muitos anos, aparece o hélio... e convida-me para o jantar surpresa de aniversário da namorada dele... falei com o gordo porque não valia a pena tar a levar dois carros, e combinei com ele apanhar-me à saída da quinta da fonte que ia lá dar uma aulinha...