domingo, 28 de outubro de 2007

um título engenhoso

no outro dia tava por lá no emprego quando recebo uma chamada... atendi e perguntaram "engenheiro marco santos?"... "UAU!" pensei, "soa bem... tem a sua dose de... je ne sais quoi"... do outro lado era o bacano do banco dos que não têm pais ricos que obviamente é pago para me bajular o ego na tentativa de receber o privilégio de tratar do crédito da minha futura mansão...

mas é por essas e por outras que lhes vou entregar o crédito a eles, porque como demonstrado por este pequeno exemplo, eles até sabem o que estão a fazer... vejamos, nunca ninguém me tinha prestado tamanha vassalagem, gostei bastante... até porque agora, e apesar de continuar parvo à brava como descrito na entrada anterior, sou uma pessoa importante... devido ao meu brutal poder de compra...

no entanto toda esta questão levanta um outro assunto polémico... estou a pensar em mudar, num futuro próximo, o meu estado civil... mas por enquanto só na conservatória, desenganem-se já aqueles que pensam que vão comer camarão e sapateira à minha conta nos próximos meses... por mim eu mantinha tudo como está, a minha namorada com os seus oito nomes da realeza, e eu com os meus quatro que até já são demais...

o problema é que a minha namorada quer que eu tenha um nome dela... o que me coloca num impasse para o qual peço desde já a opinião do leitor: "engenheiro marco dos santos real", ou "engenheiro marco real dos santos"... já pensei também em "engenheiro marco santos e real"... que é nível, mas secalhar demasiado monarca pra ser estiloso...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

as guerras suburbanas

estação do metro do cais-do-sodré, cerca das nove horas da manhã... a plataforma apinhada até à escada, sem qualquer movimento... aproveitei a onda e segui com as pessoas que atravessam por cima para descer lá ao fundo nas outras escadas... ali por cima do maranhal de pessoas senti-me um deus a olhar de cima prás formiguinhas atarefadas... no meio de tal momento lírico lembrei-me de cuspir lá para baixo...

e foi então que me atingiu... poucos dias depois do relógio bater mais uma primavera continuo tão parvo como no dia em que terminei o ensino básico... cheguei à plataforma e juntei-me à confusão... nada como uma pequena batalha para começar melhor o dia, dispara a adrenalina... assim que vi o metro chegar... pequenino, três carruagens... desisti... conheço os meus limites e sei que sou presa fácil prós gordos e mal-cheirosos e assim...

tava aquilo àpitar que queria fechar portas e pessoas a um metro de distância do metro (sou mesmo um poeta) ainda a tentar entrar... tive para ir lá oferecer-me para empurrar... se ganhasse algum balanço desde o outro lado da plataforma e viesse lançado numa placagem tenho quase a certeza que metia aquela gente toda dentro da carruagem... com umas costelas a menos, mas não chegavam atrasados ao emprego...

apanhei o metro seguinte na mesma todo espalmado junto à porta... saí na baixa e começou tudo de novo...

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

exportação do marco

na semana passada o manda-chuva convidou a malta lá do projecto para um almoço... um daqueles momentos típicos de gestão de expectativas "então, tás feliz?", "tou" respondi, "ainda bem, é isso é que eu quero"... uma semana antes não tava feliz porque achava que tinha perdido os aumentos e não me estava a ver a ficar mais de um ano sem o montante mensal trepar paredes... mas depois disseram-me que nós é só depois do natal... então deixós pousar...

andava pra lá o manda-chuva a contar os cambalachos da sua recente formação de gestores séniores no estrangeiro, quando eu comento que tenho dupla nacionalidade... "a sério?" diz o manda-chuva... "e que achas de ir para angola?", continua, "é que temos sempre problemas em arranjar vistos prá malta que pra lá vai"... o moi como já ouviu das histórias de ir para angola não se fez rogado... viajar em executiva, morar num hotel de cinco estrelas, despesas pagas...

mais uma mão-cheia de euros por dia só por me arriscar a levar um balázio... onde é que eu assino? a namorada não achou piada, mas compreende que é uma boa oportunidade na minha carreira... todá malta que foi prángola quando voltou, prálém de trazer diamantes e barris de petróleo, subiu buéda rápido na empresa... mas para mim... eu vendi-me logo no "passear à conta deles"... nem interessa muito para onde, até podia ser pra myanmar que pelo que leio aquilo por lá tá quentinho...

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

que grande argolada oh marco

ontem era mais ou menos o dia lá do projecto... e correu horrivelmente mal... fizémos as cenas assim todas demasiado na descontra e o resultado prático foi que aquilo começou tudo a berrar e para melhorar um pouco a tremenda imagem de falta de profissionalismo que já estávamos a passar, ainda chegámos tarde e a más horas para resolver todos os problemas que tínhamos criado... depois disso caiu-me tudo em cima porque o responsável pela cena agora é o je...

e o que mais me deixa desgostoso é que não me caiu tudo em cima... olharam e falaram comigo assim um bocado à desprezo "nunca tinhas feito isto né?" relembrando as minhas raízes de pouca responsabilidade... fiquei com aquela odiosa sensação de quem está a levar com enorme atestado de estupidez mas face à estrondosidade dos factos tem mais é de não provocar muitas ondas... tirei montanhas de apontamentos e fiz uma promessa que nunca mais me irá acontecer...

e se acontecer é mais uma vez... porque depois aprendo mesmo a lição...

sábado, 6 de outubro de 2007

a fazer contas aos seprédes...

depois de uma semana a fazer simulações numa mão-cheia de bancos reuni a papelada toda e peguei no telemóvel para fazer um monte de cálculos matemáticos... estimei, calculei e escrevinhei os papéis todos até ficar com apenas duas simulações na mão... a mais promissora do banco onde todos são donos, e outra para agitar e dizer "masolha que eles aqui dão-me isto" naquela de exprimentar o que chove...

na minha hora de almoço fui ter com a namorada para ela me levar a falar directamente com o representante do banco onde todos são donos, o chârlei... expus-lhe a complicada situação e ele começou a tentar fazer-me passar por biruta... pegou lá na simulação da chuva e começou a ler aquilo a pente fino à procura de algo onde pegar pra me dizer que a simulação dele era ainda assim a melhor...

o problema é que não encontrou e começou a entrar por caminhos que chegaram a roçar a ofensa... especialmente quando ele imprimiu uma definição da tai do saite da deco pra me dar... por essa altura já o meu sorriso inicial se tinha extinguido por completo, muito também porque odeio comerciais inflexíveis... afinal, não é ele que quer ganhar dinheiro à minha conta? aborrecido, fui-me embora a maldizer o tempo perdido...

no dia seguinte fui ao banco daqueles que não têm pais ricos... já estava a começar a fazer má cara do tempo que me deixaram à espera quando aparece lá um gravatas... expus-lhe a situação no meu discurso directivo já sem tentar esconder a minha manifesta falta de paciência... acabei por ter uma estrelinha... é que apesar de usar óculos, o gravatas vê bem, isso explica porque é o gerente lá do estaminé... e viu que o meu crédito é um negócio com risco reduzido...

pediu-me para fazer trinta por uma linha mas a cena é que me ofereceu um sepréde muito baixo... afirmando que eles têm um acordo, secreto e exclusivo porque nunca ouvi falar dele, com a minha entidade patronal... nem precisei de fazer a matemática para perceber que tinha passado prá frente da liga... mas antes de tomar a minha última e final decisão, já que a namorada há muito que delegou essa tarefa importantíssima "ah tens mais jeito"...

faltava tentar o meu banco de novo... calhou-me uma rapariga com o ar mais enfezado do mundo... rechonchuda, óculos de massa pretos, toda curvada ao computador, fez-me lembrar a béti feia... "mau", pensei... mas decidi-me a dar-lhe o benefício da dúvida... a proposta dela insultou-me... tinha ficado ofendido e tinha-a mandado para um sítio mesmo feio se não soubesse que ela e a instituição que representa são uma associação de malfeitores incompetentes...

mas até tenho a agradecer-lhes... fizeram com que o trinta por uma linha do banco dos que não têm pais ricos soasse como cântico de sereia...