segunda-feira, 31 de maio de 2010

o campeonato de karts, a final: conclusão

depois de recuperar a liderança pela segunda vez consegui construir uma ligeira vantagem que apenas considerei em perigo porque comecei a dar voltas de avanço... mas conduzir na primeira liga é uma maravilha e alguns adversários afastaram-se para me deixar passar e os outros não me obrigaram a perder muito tempo... nesta altura também fiquei com a sensação que o meu adversário tinha atirado a toalha... o amor a ver de fora também pensou o mesmo... e foi com naturalidade que recebi a bandeira de xadrez com o punho levantado no ar... a glória, o champanhe eram meus! larguei o acelerador e olhei para trás... o meu adversário levantou o polegar em tom de aprovação...

foi o primeiro a dar-me os parabéns, já nas boxes "óptima corrida, muito bem disputada, com muito desportivismo, houve uns toques ocasionais, mas o normal numa corrida, foi muito bom, muito obrigado!"... eu ainda não tinha caído bem em mim "ora ganhei a final, sou o campeão!" pensei... e é uma sensação bestial quando todos te vêm dar os parabéns por uma excelente vitória... tinha acabado de os vencer a todos, todos os cromos da primeira divisão e de uma forma algo imperial! encontrei o filho "então, ganhaste? com mais calma, eu tinha-te dito!"... cheguei ao pé do amor com um ar triunfante e disse-lhe "nem o chumáquére!"

"amor, foi muita giro!" responde ela, "quando vi que tu ias em primeiro fiquei tão nervosa!" continua ela emocionada... depois começou a contar-me histórias "apareceu aqui um rapaz que disse quem vai ganhar é aquele que vai ali à frente e os outros, mas quem é aquele, e ele é o vegeta", "vegeta?" perguntei, "talvez não fosse vegeta, não percebi bem, mas ele desistiu a meio e disse que tu lhe tinhas dado alta ratada", "ratada?" perguntei "onde é que ela aprendeu esta palavra" pensei... "ou tareia, já não me lembro bem, mas ainda pensei vou dizer-lhes é o meu marido!" termina ela...

eu é que ainda agora não sei bem explicar o que aconteceu "então mas eles não eram altos cromos?" perguntou o joão... e eram! e a maior parte deles já deve ter feito mais do dobro das corridas que eu fiz... mas eu sou um jovem desportista, em alta forma física, adoro aqueles karts, o kip é o meu quintal e... também começo a desconfiar que tenho assim um poder especial, que desconhecia até o passado sábado... mas o que eu tenho a certeza é que sou o campeão nacional de karting do clube desportivo lá do emprego... nunca tinha sido campeão de nada... e é uma sensação muito engraçada ser-se campeão!

o campeonato de karts, a final: parte três

"só tenho de bater um adversário, e sem deitar tudo a perder" pensei... lembrei-me do que o filho me tinha dito no final da prova do bombarral "tu com mais calma tinhas ganho esta corrida"... analisei o meu adversário e identifiquei duas curvas no circuito onde ele era claramente mais lento... tracei um plano para me aproveitar de uma delas, a última curva do circuito e foi então que tudo caiu no lugar... ele passou por cima do corrector, o kart saltou... eu já vinha a cortar a trajectória de fora para dentro, assim que coloquei o meu kart ao lado do dele pensei "és meu!"

ainda fomos lado a lado a recta inteira e só com o interior da primeira curva é que pude recuperar a liderança e voltar a construir uma pequena vantagem... mas a história tem tendência a repetir-se, e o senhor monotonia fez-me errar de novo, perder a liderança da corrida na mesma curva, e recuperá-la, umas voltas depois também na mesma curva numa manobra em tudo semelhante à anterior... pelo meio houve uma pressão fenomenal... e houve também, os momentos...

ele errou na segunda curva, o outro dos locais que tinha identificado, e abriu a trajectória e foi aí que me atrapalhei ligeiramente a tentar meter lá o kart... mas vinha lançado e era difícil, acabei por lhe dar um ligeiro toque na traseira que me fez ver a minha primeira advertência por condução anti-desportiva... depois consegui colocar-me por dentro na entrada para a recta do gancho... e nesse momento pensei em fechar-lhe a pista e obrigá-lo a subir o corrector... mas o meu desportivismo veio ao de cima e dei-lhe apenas o espaço necessário para se manter no asfalto... sabendo que ele ia ter a trajectória na entrada do gancho e que teria de encontrar outra forma de o passar...

o campeonato de karts, a final: parte dois

meti o capacete, sentei-me confortavelmente no meu kart e fui o segundo a lançar-me à pista... estava apreensivo sobre o que iria conseguir fazer, porque tinha a sensação que este campeonato me tinha feito evoluir imenso, e para mim não existe melhor sítio para medir esse progresso que a pista que melhor conheço... desembaracei-me do que entrou na pista à minha frente para estar livre e decidi-me a fazer um conjunto de voltas no máximo esforço... e o resultado foi fixe... dei por mim a fazer manobras geniais e no geral achava-me mais rápido...

o kart estava a andar bem, boa tracção, aderência, travagem, estou em plena forma física e o dia estava lindíssimo, tudo estava perfeito, e o primeiro lugar da grelha era meu... ou pelo menos era o que pensava e podia estar redondamente enganado... as diferenças são tão pequeninas que é sempre algo imprevisível... ao ouvir "dezanove, prá grelha" confirmou-se o que esperava... abri um sorriso enorme e olhei pró meu amor de punho levantado ao chegar à recta da meta... metade já estava, agora só faltava a outra metade... "1:06.005" diz-me o comissário de pista ao chegar "foi bom!" respondo surpreendido... ele confirma acenando a cabeça... foi a minha melhor volta neste circuito e se bem me lembro foi prái três décimas mais rápida que a minha anterior marca...

estava a dormir no semáforo mas nem assim perdi a liderança... o meu colega de equipa ainda me deu um empurrão e a trajectória para a primeira curva é minha... o importante era não ser apanhado no meio da confusão, o que te pode levar a perder de vista a liderança da corrida... e depois, era só manter o meu ritmo que àquele nível dificilmente dou oportunidades de ultrapassagem... e assim foi por várias voltas em que ia controlando o andamento do meu mais directo perseguidor à entrada do gancho... ele nunca estava perto o suficiente para disputar a posição comigo o que me deixava livre de optar pela trajectória que quisesse...

foi então que surgiu o meu segundo adversário, o senhor monotonia que me levou a fazer um erro estúpido! o meu adversário aproveitou, passou-me e deixou-me a pensar que tinha deitado tudo a perder... foi então que olhei para trás e... nada! não havia lá mais ninguém... mais ninguém tinha aguentado o ritmo que tinha imposto nas primeiras voltas... "ah, mas então isto é confronto directo" pensei... carreguei no acelerador e comecei a pressionar o meu adversário... metia por fora, metia por dentro, aproveitava todas as oportunidades para aparecer perto dele, para ele ouvir o motor do meu kart o mais próximo possível... mas ele já virou muito frango na vida, e tirando um teste aos travões na entrada no gancho, que não consegui aproveitar, o homem não metia o em ramo verde!

domingo, 30 de maio de 2010

o campeonato de karts, a final: parte um

assim que chegámos ao kartódromo internacional de palmela o amor demonstrou logo o seu mau feitio "quanto tempo é a corrida?", "45 minutos" respondo, ela torceu o nariz "e nem sequer tem cadeiras"... tentei melhorar-lhe a experiência com algumas descrições dos meus adversários, ela parecia interessada... "e então vais ganhar?", fui sincero "sei lá, mas nesta pista e com estes karts dou luta a qualquer um, nem o chumáquére escapava!"... o chumáquére mas aquele no primor da idade, o sete vezes campeão mundial... depois pensei melhor e hesitei "e daí talvez o chumáquére..."

não tivemos de esperar muito para saber a resposta... a prova que estávamos a acompanhar estava a chegar ao final e estava na hora de ouvir a minha música motivacional... liguei o aipóde, foquei o olhar... e puff... começaram logo a chamar pró berífíngue e portanto lá se foi o meu momento de alta concentração... o berífíngue foi mais do mesmo desde que comecei este campeonato, o que é uma monumental lufada de ar fresco! já sabia a palestra dos amigos ocasionais que se lembram de juntar para uma corridinha de cor... e o berífingue dos cromos "não quero ver choques maldosos na pista" é muito mais giro...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

bruna, a professora de mirandela

e eu também queria aqui manifestar o meu apoio à bruna, a professora de mirandela que foi despedida... porque acho que somos todos muita hipócritas por a ter despedido... ou não somos? secalhar não somos porque realmente todas as manifestações que vi sobre o assunto até foram de pessoas nada idignadas sobre a situação... a única pessoa que vi com problemas foi uma responsável lá da escola que afirmou que as professoras deviam dar o exemplo e assim... pelos vistos essa era a senhora com a opinião mais importante sobre este assunto e com a maior influência... é uma pena sermos assim tão pouco modernos... mas também não é muita pena porque eu nem achei a rapariga assim tão gira, e as fotos pareceram-me demasiado trabalhadas... mas é triste!

terça-feira, 11 de maio de 2010

primeira lição do surf

ultimamente tenho aturado alguns tótós em relação à minha aprendizagem do surf, e por isso decidi-me aqui a redigir um pequeno guia para que não se envergonhem monumentalmente quando me abordarem a mim, ou qualquer outro surfista...

pra começar perguntar "oh marco já te consegues meter de em cima da prancha?" é um bocado estúpido, revela profundo desconhecimento e já não tenho paciência para responder porque já mo perguntaram imensas vezes... algumas pessoas mais do que uma vez! a prancha de iniciar é uma enorme traineira inafundável (engraçado o dicionário não conhece) e que não requer nem muita perícia, nem destreza para te permitir apanhar uma espuma pequenina com ela... mais, tenho quase a certeza que mesmo parado, com jeitinho, fazia o pino em cima daquilo e eu até sou um bacano daqueles que tem assim mesmo buéda equilíbrio...

portanto, de pé andava eu ao fim da primeira meia hora da primeira aula... mas isso não é nada! isto porque dá-me a sensação que quem me faz uma pergunta assim tão estúpida é porque pensa que andar de na prancha é assim como que o último e mais difícil objectivo do surfista! pois eu dos outros não sei, mas o meu é o 360 aéreo!

o último ponto importante é o de evitarem perguntar-me, com um sorrisinho na cara, todas as semanas "marco, já fazes um 360 aéreo?"... eu também pensava que sendo alto desportista ia dominar a área toda rápida e facilmente, mas... não! estava muito enganado! a curva de aprendizagem daquilo é a dar pró evereste mas também acho que tenho evoluído bastante bem... e ainda bem que quanto mais difícil aquilo for, mais tempo demoro a precisar de encontrar novo passatempo...

sábado, 8 de maio de 2010

o casamento do primo jó

antes de sair de casa olhei pró calendário que o amor colocou no frigorífico e li "casamento do e da daniela, 29 de maio"... e lembrei-me que o é um dos meus primos da magnífica colheita de oitenta, é o primo do futebol porque é de desporto, treina gratuitamente, e porque ama aquilo, os putos num clube lá dos regionais dos regionais e por último é adepto do vitória de guimarães...

o que é estranho é que segundo me contaram, a daniela, futura prima, é de braga... e todá gente sabe que os adeptos do vitória de guimarães e do sporting clube de braga, não gostam nada uns dos outros... alimentam uma rivalidade pior, mais intensa, feia e violenta que aquela entre os adeptos do sport lisboa e benfica e do sporting clube de portugal... o que me leva a concluir que aquele casamento deve ter por detrás assim uma história épica ao melhor estilo romeu e julieta...

até já estou a imaginar o meu primo jó a morder o polegar “estais a morder o polegar para nós, senhor?”, “eu mordo meu polegar, senhor!”, “estais a morder o polegar para nós, senhor?”, “não, senhor, eu não mordo meu polegar para vós, senhor, mas eu mordo o polegar, senhor!” e foi aí que pensei "ora dia 29, espero é que não seja o dia da grande final" e... é! e eu fiquei pior que estragado a mal dizer a minha sorte...

primeiro libertei a pressão toda e atirei a toalha, "não posso ir, não há nada a fazer"... mas depois comecei a imaginar a grande final e a minha oportunidade de enfrentar os cotas, todos armados em profissionais, no meu circuito preferido... e comecei a traçar planos e a fazer contas ao tempo que demorava a ir de palmela a braga... é um plano meio alucinado, mas fazível... agora apenas precisava de convencer a minha mãe e o amor...

a minha mãe foi fácil "oh, ele também não foi ao teu casamento!", "mas ainda vais, não vais?"... e é um pouco por aí... ainda se fosse muita chegado ao meu primo, mas ele moralonge, a maior parte das minhas memórias dele são de há mais de 10 anos... e se ele não se deu ao trabalho de interromper as férias para ir beber um champanhe comigo, porque haveria eu de faltar à minha final, para a qual me esforcei uma beca, para qualificar?

o amor, foi um poucochinho mais complicado mas também aceitou... isto porque conseguimos traçar um plano que não lhe implique ir ver uma corrida de karts vestida à casamento, o que entenda-se que seria aborrecido... talvez tão aborrecido como eu ir ao casamento a cheirar a pneu queimado e gasolina... mas aí, ainda bem que somos sócios do oulemes peleice de braga... e segundo o gúguele: evito a igreja, as fotos e chego mesmo na altura ideal, a da comida!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

o meu sábado

o amor combinou com as amigas uma festa de jantar na nossa maison... para celebrar o aniversário de uma delas... ora eu como já tinha estado afastado das aulas de surf há umas semanas, convenci-a que a melhor aula era a mais tarde possível... o amor não se fez muito rogado... acho que ela concorda que saímos os dois a ganhar... ela e as amigas falam, dos assuntos delas (aquelas meninices de champous e assim), mais à vontade, e eu não tenho de fingir que a conversa me interessa...

e foi assim que eu, e um grupo de franceses a ressacar acabámos em fatos de neoprene e em cima de pranchas... ou quase! e foi muito giro porque aprendi a curvar para frónte sáide, o que é uma cena gira porque implica ir em cima da prancha e meter a mão na água... depois disso e como estava um dia lindo ainda fiquei na praia mais uns minutos, até secar... isto antes de ir cortar o cabelo que já tava com alta afro... que eu achava gira, mas tenho assim uma ideia que era só mesmo eu a achar...

o multibanco estava fora de serviço então fui levantar dinheiro e foi pelo caminho que encontrei o andré, meu ex-colega de turma do ífi, a tomar café... e aproveitei para ir tomar café com ele... depois ao sair ainda tive de ir meter gasóleo, porque o uáite já estava na reserva desde que tinha saído de casa e tinha uma estranha mensagem no computador de bordo que dizia "autonomia 67km"... isto apesar de eu ter feito mais de trinta sem aquilo mudar... mas tenho a certeza que estava certo porque os computadores raramente se enganam... e faz sentido, durante aquele tempo ele só gastou vapores...

e aí pensei "opá, já que aqui estou vejo o ar dos pneus", já que a última vez que o tinha feito tinha sido há algumas semanas... e depois disso já fui para casa todo feliz e contente, comer bolinhos que a essa hora já me estava a dar muita fome...